Continua após publicidade

Árvore nativa do cerrado oferece sombra fresca para casa em Brasília

Conservada em posição de destaque no terreno, a árvore faz companhia a esta casa, que nasceu com base num sensível estudo de três elementos: o solo, a vegetação e o céu

Por Por Deborah Apsan (visual) e Luisa Cella (texto) Projeto MGS – Macedo, Gomes & Sobreira Fotos Joana França
Atualizado em 19 jan 2017, 15h50 - Publicado em 4 out 2014, 19h53

O arquiteto Fabiano Sobreira notou um hábito curioso entre seus vizinhos. “Em 90% das construções feitas no condomínio, limpou-se toda a vegetação nativa para, depois, criar um novo jardim. O nosso foi na contramão: mantivemos o máximo de cerrado e encaixamos a morada no espaço disponível. Preservar o microclima traz conforto térmico”, conta ele, que trabalhou em parceria com os colegas do escritório, o MGS – Macedo, Gomes & Sobreira. Se a fora sugeriu a implantação em L no terreno de 1,4 mil m², o caminho do Sol orientou a melhor distribuição dos ambientes, cuidado necessário em qualquer região do país, mas imprescindível em locais sujeitos a altas temperaturas. Nem todas as diretrizes vieram da natureza, porém. O arquiteto recifense, que vive e trabalha em Brasília há dez anos, cita o legado modernista e o livro Roteiro para Construir no Nordeste, de Armando de Holanda, como referências a seu trabalho. Quando se viu diante da oportunidade de planejar a própria casa nos arredores da cidade, Fabiano pôde conciliar tais influências. “A relação do projeto com o cerrado já remete à arquitetura da capital federal. Entretanto, há também o vínculo com o chão e o céu, igualmente importantes”, analisa. Não à toa, portanto, o térreo agrupa todos os ambientes, exceto a biblioteca, instalada no mezanino – onde grandes janelas escancaram o vivo azul do firmamento brasiliense. Associadas às generosas aberturas, as varandas conectam a residência à paisagem que a circunda e permitem amplo alcance da luz natural e da brisa. “Passamos boa parte do tempo com as portas abertas, deixando o ar circular”, diz o arquiteto, que concebeu uma estrutura simples, de linhas retas, erguida com alvenaria e pintada de branco. Por dentro, revestimentos de madeira atribuíram conforto tátil e visual aos cômodos. Já o valor sentimental Fabiano depositou em soluções como a estante-guarda-corpo, que deixa os livros à mostra na sala (veja na pág. ao lado), o painel de azulejos da garagem, inspirado numa brincadeira com os filhos, e, claro, a preservada copaíba do jardim. E confessa que projetar o lar da família, com o objetivo de acomodar bem a esposa e o casal de gêmeos de 10 anos, representou um superdesafio profissional. “Nesse exercício, assumi três papéis: de arquiteto, construtor e cliente”, revela.

 

Cerrado, sol e design

Cozinha, sala e quartos se abrem ao jardim, enquanto a barreira formada pelos banheiros atenua a insolação do poente. Na garagem e no muro, pitadas de cor quebram a hegemonia do branco.

Continua após a publicidade
planta

 

Área: 330 m²; Construção: Arnaldo Santos; Estrutura e Instalações: Situare; Marcenaria: Arnaldo Santos e Grupo By Silva; Iluminação: Fabiano Sobreira.

Publicidade