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Aprenda a fazer meditação cristã

A meditação cristã é inspirada nos primeiros monges cristãos e, com ela, se aprende a amar a si próprio, aos outros e a Deus.

Por Raphaela de Campos Mello
Atualizado em 20 dez 2016, 15h53 - Publicado em 3 jul 2014, 18h09
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Por milênios, os cristãos endereçam suas orações a Deus e seu Filho, Jesus. Poucos sabem, no entanto, que há uma outra forma de se relacionar com Eles. Trata-se da meditação cristã, inspirada no costume dos primeiros monges dessa tradição, os chamados “padres e madres do deserto”. Nos séculos 3 e 4, eles abandonavam as cidades e saíam em busca de iluminação nas cavernas da Síria e do Egito. E, por isso, acabaram ocupando uma ala “alternativa”, pouco valorizada pela cúpula da Igreja e que por pouco não desapareceu de uma vez. O que sucedia no escuro das grutas e dentro dos corações desses religiosos é assim resumido por dom Laurence Freeman, monge beneditino inglês que vem anualmente ao Brasil ministrar palestras e retiros em diversas cidades. “Aprendemos a amar, amando, e a meditação é a principal lição pela qual aprendemos a nos amar, amar aos outros e amar a Deus.” Freeman, religioso da Ordem de São Bento, é discípulo e sucessor do compatriota dom John Main (1926-1982), fundador da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã. Foi Main o responsável por fundir, na década de 1970, a tradição monástica da oração com a meditação praticada no Oriente, caminho até então desacreditado e de certa forma marginalizado dentro do cristianismo. Para identificá-la, escolheu a palavra maranatha, que em aramaico, idioma de Jesus, pode ser traduzida por vem Senhor, ou por Nosso Senhor vem, tirada da primeira carta de São Paulo aos coríntios. Ela deve ser repetida do início ao fim da prática.

Os seguidores acreditam que esse é um meio de fazer com que a mente substitua a inquietação pelo ritmo tranquilo da atenção em Deus e esvazie o ego, sempre tão assoberbado pelo acúmulo de desejos. “A finalidade é voltar-se para o nosso centro. Permitir que a repetição do mantra se mova naturalmenteda cabeça para o coração, onde nossa fé nos diz que se encontra o Cristo que ora sem cessar ao Pai”, explica Roldano Giuntoli, coordenador nacional da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã, em Vinhedo, interior de São Paulo.

Os benefícios fisiológicos e psicológicos são os mesmos alcançados por meio de qualquer prática meditativa: redução da ansiedade, aumento da concentração, queda dos níveis de cortisol (hormônio do estresse) e da pressão arterial, além do fortalecimento da imunidade. No entanto, como costuma pregar dom Laurence Freeman, mais importante são os frutos do espírito. “Isso significa que, com regularidade e disciplina, o praticante cresce em humanidade, profundidade e amor”, esclarece Giuntoli.

Há cinco anos, a psicóloga e coach Taynã M. Bonifácio, coordenadora regional do estado de São Paulo da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã, sente essa paz. “Iniciei minha jornada pelo budismo a fim de amenizar as pressões do mundo corporativo, mas sentia falta da figura de Jesus, indispensável no meu caminho espiritual. Então, descobri a meditação cristã e senti um conforto emocional muito grande”, conta. Para ela, a busca por Deus e pelo autoconhecimento estão ligadas. “Conhecer a si mesmo é conhecer Deus e conhecer Deus é conhecer a si mesmo”, justifica. E isso só é possível, na visão da psicóloga, porque a vertente promove a vivência experencial de Deus, muito diferente da conceitual. “Por meio dela, encontro o Supremo em toda a parte, não só na igreja. Pude restabelecer o contato verdadeiro com minha essência e aprendi a olhar cada dia como uma folha em branco e a me perguntar em face das situações que a vida me coloca: ‘O que Cristo faria em meu lugar?’. Não importa a resposta. O gesto de parar e refletir evita uma atitude brusca, de quem vive no piloto automático.”

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Procedimento básicos

– Sente-se em local silencioso com a coluna ereta, em uma cadeira ou almofada. Feche levemente os olhos. Mantenha-se relaxado, porém atento.

– Observe-se respirando por algumas respirações (no começo, cinco ou seis). Isso acalma a mente, preparando-a para a prática.

– Faça a oração de abertura do período da meditação cristã sugerida por John Main: “Pai do Céu, abra nossos corações para a presença silenciosa do espírito do seu Filho. Conduza-nos a este misterioso silêncio onde o seu amor é revelado a todos aqueles que o procuram. Maranatha. Vinde Senhor Jesus”.

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– Só então comece a recitar o mantra maranatha (que pode ser traduzido do aramaico, idioma de Jesus Cristo, como vem Senhor ou Nosso Senhor vem ). Recite-o em quatro sílabas de igual duração. Ma-ra-na-tha. Ouça-o à medida que o pronuncia, de forma suave e contínua. Pense apenas nele. Não é necessário se ater ao signifcado da palavra. Deixe pensamentos e imagens passarem. Simplesmente, volte a atenção para a repetição do mantra do início ao fm da sessão.

– Pratique de 20 a 30 minutos, duas vezes ao dia, preferencialmente no início da manhã e da noite.

 

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