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Apartamento tem todo o piso revestido com pastilhas azuis

Os moradores só cederam à ousada tentação depois de conferir a Casa de Vidro, da arquiteta Lina Bo Bardi, em que a pastilhas colorida percorre quase todos os ambientes

Por Por Denise Gustavsen (texto) e Mayra Navarro (visual) | Projeto SPBR | Fotos Cacá Bratke
Atualizado em 16 fev 2024, 15h11 - Publicado em 11 abr 2014, 20h49

Quituteira das boas, a fotógrafa Graça Seligman só cessou a busca pela morada ideal quando espiou a reforma de um apartamento vizinho ao qual ela e o marido, o executivo Milton Seligman, aspiravam. Na hora, caiu de amores pelo imóvel, cuja cozinha aberta era o centro das atenções, e, marotamente, vasculhou nas plantas do projeto, deixadas num cantinho, o nome do arquiteto. Logo depois, o casal bateu à porta de Angelo Bucci, do escritório SPBR. O encontro revelou o melhor dos mundos: Angelo explicou tratar-se de um prédio dos anos 70, assinado por Miguel Juliano (1928-2009), profissional tarimbado, e com jardim desenhado por ninguém menos que Burle Marx (1909-1994). Verdadeira joia num incensado bairro da capital paulista, os Jardins. Impossível não se encantar com o conjunto da obra. A empatia entre os clientes e Angelo rendeu outras conversas saborosas. Numa delas, o arquiteto discorreu sobre a Casa de Vidro, de Lina Bo Bardi (1914-1992), em que o piso de pastilhas de cada ambiente exibe uma cor diferente. Seduzida pela ideia de compartilhar tal galhardia, lá foi Graça visitar a construção. “Fiquei maravilhada com a casa, o piso, tudo”, lembra a fotógrafa. Na volta, deu sinal verde ao delicioso atrevimento, porém apenas de azul, como na sala de Lina. “Só pensava na sensação de sossego que a nuance traria a todos os espaços.” Assim, a proposta inicial – usar madeira – caiu por terra, bem como algumas paredes da área gourmet. Sobraram as estruturais, descascadas para expor as marcas do concreto, uma homenagem a Miguel e sua arquitetura. “É raro encontrar hoje apartamentos com planta tão bem organizada como esta”, avalia Angelo. Seu maior trabalho foi suprimir o quarto de serviço, e simplificar a lavanderia, para promover um percurso natural em torno do núcleo que concentra escadas, elevadores e o hall de entrada. Aqui, a vida gira livre, leve, solta e, invariavelmente, passa pela cozinha.

 

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Interligação perfeita

 

Sem o quarto de serviço e com a lavanderia anexada à cozinha, a circulação melhorou: os dormitórios e o escritório se ligam com a sala e a área gourmet pelos dois lados da planta.

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Área: 188 m²; Execução: Teobaldo Bremen Kamp e Reinaldo Francisco Ramos; Gerenciamento da obra: Anselmo Turazzi e Hermann Tatsch; Iluminação: Reka

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