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Anda difícil vender casas na praia; entenda por quê

Corretor especializado na venda de imóveis no litoral paulista lista os motivos da baixa liquidez desse tipo de propriedade

Por Por Priscila Yazbek, do site Exame.com
Atualizado em 20 dez 2016, 15h33 - Publicado em 20 ago 2013, 20h28
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São Paulo – Proprietários têm enfrentado dificuldade em vender suas casas de praia de médio e alto padrão no litoral paulista, sobretudo no Guarujá, segundo David Andreatta, proprietário da Andreatta Broker, imobiliária especializada no litoral paulista, com 20 anos de atuação no setor.

Segundo Andreatta, depois de uma forte alta, o mercado imobiliário no litoral de São Paulo tem sofrido um desaquecimento em algumas regiões. Imóveis vendidos por mais de 1,5 milhão de reais têm demorado cerca de três anos para encontrar um comprador. “Em algumas regiões do Guarujá, por exemplo, eu tenho de 50 a 100 imóveis de alto padrão à venda, e apenas cinco pessoas procurando imóveis para comprar”, diz. 

Alguns fatores podem explicar essa dificuldade na venda. O primeiro deles é a mudança de hábitos das famílias. De acordo com Andreatta, com a maior facilidade para viajar ao exterior, alguns proprietários têm preferido gastar seu dinheiro lá fora a usá-lo com a manutenção da casa de praia. “Muitos proprietários não querem mais ter casa de veraneio porque ficou mais fácil viajar para outros países do que manter uma casa na praia, o que costuma consumir quatro mil reais por mês”, diz.

Em outros casos, os proprietários querem se desfazer do seu patrimônio depois que os filhos crescem, estabelecem outras prioridades e compromissos no final de semana, e a casa acaba ficando grande demais apenas para os pais. 

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Outro fator mencionado por Andreatta diz respeito às propriedades herdadas. Segundo ele, muitas casas que são recebidas por herança acabam se tornando motivo de confusão na família, já que nesse tipo de situação o imóvel passa a ser compartilhado por muitos parentes.

Além das mudanças de hábitos dessas famílias, as dificuldades de acesso às cidades do litoral contribuem para o menor interesse pelos imóveis de praia. “As praias de Santos, Riviera de São Lourenço e Guarujá estão passando por um momento de dificuldade muito grande por causa da estrada. A Rodovia Cônego Domênico Rangoni (Piaçaguera-Guarujá), por exemplo, tem muito trânsito de caminhões e congestionamentos insuportáveis. Está difícil chegar à praia”, afirma o proprietário da Andreatta Broker. 

Soma-se ainda a esses fatores o aumento da violência, que tem afetado muito o turismo de cidades como o Guarujá. “A procura de casas fora de condomínios no Guarujá tem diminuído muito. Casas fora de condomínio nas praias da Enseada e Pernambuco têm se desvalorizado. Nós temos na imobiliária uma casa no Jardim Virgínia, por exemplo, de 1.500 metros quadrados e que tem até quadra de tênis. Ela estava à venda por 1,5 milhão de reais, mas agora o proprietário já está aceitando ofertas de 850 mil reais”, afirma Andreatta.

Ele acrescenta que ainda que a desvalorização ocorra nas casas que ficam fora de condomínios, mesmo as casas que ficam dentro de espaços fechados têm sido vendidas com descontos quando os compradores oferecem um pagamento à vista.

Andreatta também acrescenta que, em alguns casos, o imóvel demora a ser vendido porque o proprietário faz o anúncio em uma imobiliária que não é especializada naquele tipo de propriedade. “Nós fizemos uma pesquisa de mercado e verificamos que 70% dos compradores de casas do Jardim Virgínia e da Enseada, no Guarujá, moram nos bairros de Moema, Vila Nova Conceição e Brooklin, em São Paulo. Mesmo assim, muitos proprietários anunciam o imóvel apenas na imobiliária que tem uma atuação local e sem alcance”, diz.

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O momento é bom para comprar, mas é preciso avaliar os riscos

Se por um lado o momento está ruim para os vendedores, o mercado de casas na praia pode oferecer boas oportunidades para os compradores. “A bola da vez está com quem está comprando”, comenta Andreatta.

Com a menor procura, os compradores podem conseguir negociar valores menores na compra. Mas, mesmo assim, a vantagem pode valer apenas para quem já buscava um imóvel na praia e quer comprá-lo com o objetivo de usufruir da propriedade. 

Pensar na compra de imóveis na praia como investimento, seguindo a lógica de “comprar na baixa e vender na alta”, pode ser arriscado. Fatores como aqueles mencionados por Andreatta podem, no futuro, continuar causando problemas a quem quiser vender suas propriedades.

Ainda que um investimento barato chame atenção, o investidor deve sempre estudar suas perspectivas futuras para avaliar se a compra pode ser vantajosa. Afinal, a baixa liquidez desse tipo de imóvel pode prejudicar o proprietário não só hoje, mas em outros momentos futuramente. 

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