9 perguntas sobre cozinhas
Tire suas dúvidas sobre coifas, medidas de bancadas e revestimentos.
Ao preparar a reportagem sobre cozinhas, publicada na edição de Casa Claudia de abril de 2009, perguntamos aos leitores quais seriam suas principais dúvidas sobre o assunto. A seguir, selecionamos as nove perguntas mais comuns com suas respectivas respostas. Entre os temas, estão como escolher a coifa, a altura certa da bancada, iluminação e muito mais.
1. O que devo levar em consideração na hora de escolher a coifa?
Antes de mais nada, é preciso considerar o tamanho do fogão. “Ela deve cobrir toda a superfície do eletrodoméstico. Em geral, para um fogão de seis bocas, a medida-padrão das coifas é 90 cm de largura”, explica o técnico Charles Lucas, da Aki Coifas. A posição do fogão também conta: há modelos de parede e os que ficam sobre ilhas de trabalho. Em geral, estes custam mais caro. Deve-se atentar também para o uso: “Para quem cozinha todos os dias ou para quem faz muita fritura, é aconselhável escolher uma coifa mais potente”, diz a arquiteta Lays Sanches, do escritório de Lili Vicente de Azevedo. Nesse caso, a potência tem a ver com a vazão, ou a capacidade de expelir os gases. Os níveis de vazão vão de 600 m³/h a 1 900 m³/h. As coifas sobre ilhas geralmente precisam ser mais potentes, pois ficam mais sujeitas à passagem de correntes de ar. Detalhe: as coifas têm sua eficiência garantida quando instaladas entre 75 e 85 cm acima do fogão.
2. Qual a altura certa da bancada da pia, dos armários superiores, do nicho para o micro-ondas e do forno embutido? Deve-se levarem conta o tamanho dos usuários?
Segundo o designer Fabiano Moutran, que faz projetos na Elgin Cuisine, a altura ideal para a bancada da pia varia de 89 a 93 cm. “É uma medida confortável, independente da altura do usuário, e permite a instalação de uma máquina de lavar louças sob o tampo”, explica. Já o designer Décio Navarro costuma trabalhar com alturas de 85 a 90 cm. “Numa moradia de solteiro, até pode-se levar em conta a altura do usuário, mas não funciona no caso de uma família”, diz. A base dos armários superiores pode ficar de 1,40 a 1,70 m do piso. Se instalados sobre a pia, o vão pode começar em 45 cm e chegar a 70 cm. “Lembre também que o armário superior é menos profundo, com 35 cm, para evitar que o usuário bata a cabeça. Os armários de baixo têm 60 de profundidade, em média”, afirma Fabiano. As alturas para os fornos elétrico e de micro-ondas variam, mas, em média, o eixo do elétrico fica a 97 cm do piso, enquanto o centro do micro-ondas é posicionado de 1,30 a 1,50 m.
3. Como escolher entre granito, Corian, Silestone e aço inox para a bancada da cozinha? Quais as vantagens e desvantagens de cada material?
Para a arquiteta Claudia Mota, do Ateliê Urbano, o preço acaba sendo o grande limitador da escolha: “Todos são materiais bons, mas Corian, Silestone e aço inox são mais caros”. De fato, o granito, pedra abundante no Brasil, tem preços mais em conta, que vão de 285 a 750 reais o m². Já Corian e Silestone, importados, custam cerca de 1,5 mil reais o m². O aço inox vale mil reais o metro linear, em média. Um quesito importante para os arquitetos entrevistados é, sem dúvida, a porosidade do material. Afinal, no tampo se apóiam vários tipos de substâncias e alimentos e um material mais poroso pode absorver comida e bebida, dificultando sua limpeza. Nesse caso, o granito sai perdendo: ele tem de 0,1 a 0,3% de porosidade, enquanto Silestone vai de 0,01 a 0,02%. O aço inox e o Corian têm porosidade nula. “De todo jeito, o grau de absorção do granito é tão pequeno que não justifica abrir mão desse material”, diz o geólogo Cid Chiodi, consultor da Associação Brasileira das Indústrias de Rochas Ornamentais.
O Silestone, uma pedra sintética (93% de sua composição é quartzo), só não deve ficar em contato com calor acima de 250 ºC. “A exposição direta ao sol também pode fazer a resina usada na fabricação descolorir”, diz Matheus Hruschka, gerente de marketing da marca. “O Corian também pede cuidados com panelas quentes, pois o contato faz o material dilatar e até rachar”, diz Roberto Albanese, gerente da revendedora Alpi. Sujeitos a riscos, o Corian pode ser renovado pelo próprio usuário com uma bucha abrasiva. Já o aço inox deve ficar longe de qualquer produto abrasivo. “Sua desvantagem são os riscos”, diz a arquiteta Vanessa Monteiro.
4. Como deve ser a iluminação da cozinha?
“Nas áreas de trabalho – pia, fogão e ilha-, a iluminação deve ser pontual, com spots de luz direcionados. O restante do ambiente pode ter uma luz mais geral”, diz a arquiteta Regina Adorno. O arquiteto Conrado Heck acrescenta: “As luzes pontuais devem ficar exatamente sobre a bancada de trabalho. Se estiverem atrás do usuário, podem causar sombra”. Quem tiver mesa para refeições pode colocar um ponto de luz sobre ela na forma de pendente, plafond ou lâmpadas embutidas no forro. Para que a iluminação geral seja acolhedora, Conrado aposta na combinação de lâmpadas fluorescentes em alguns pontos e de incandescentes em outros.
5. Qual deve ser o tamanho da cozinha para comportar uma ilha? E qual deve ser a medida mínima da ilha?
Não há um tamanho ideal para uma cozinha com ilha desde que a área permita que a circulação em torno dela tenha pelo menos 70 cm. Caso existam armários instalados em volta da ilha, a circulação confortável é de 1,10 m, assim existe espaço suficiente para abertura das portas. O tamanho da ilha também não segue um padrão, mas, segundo a arquiteta Regina Adorno, sua presença só se justifica se, além do fogão, ela comportar uma bancada de trabalho ao lado de pelo menos 50 cm de largura.
6. Qual o material e a cor ideais do piso da cozinha? Como limpá-lo?
Aqui, os profissionais entrevistados são unânimes: “Não existe piso ideal. A escolha vai do gosto, do bolso e do uso”, diz o arquiteto Conrado Heck. Ou seja, tudo é permitido. “O importante é saber cuidar. Seja qual for a escolha, prefira um material fácil de limpar, que peça apenas pano úmido e um produto de limpeza. Hoje em dia, o ideal é não lavar, pois as cozinhas nem têm mais ralo”, afirma a arquiteta Claudia Haguiara. De qualquer modo, Claudia recomenda cerâmica ou porcelanato para quem faz muita fritura, pois a limpeza será mais frequente. Ela também aposta em cores claras quando o ambiente é pequeno. Nesse caso, Conrado ainda procura usar placas pequenas. “Peças grandes parecem diminuir ainda mais o tamanho do espaço”, completa.
7. Armários feitos por marceneiros ou comprados em lojas especializadas. Qual a melhor escolha?
A arquiteta Beatriz Meyer prefere armários de lojas, “pois há mais tecnologia agregada. Como são especialistas, eles têm mais acessórios, como amortecedores de gavetas. Além disso, o projeto é otimizado e o espaço parece render mais”. Assim mesmo, Beatriz concorda que há situações que somente a marcenaria sob medida pode resolver. O armário de 20 cm de profundidade de sua cozinha, por exemplo, foi feito por marceneiros. Já o arquiteto Conrado Heck aposta na marcenaria. “Os módulos de cozinhas planejadas têm medidas muito estabelecidas, e nem sempre se consegue aproveitar todo o espaço disponível”, afirma.
8. Tenho visto nas revistas que já não se usam mais azulejos em todas as paredes da cozinha, mas apenas na área da pia. Qual a tinta indicada para as demais paredes?
Para a arquiteta Claudia Mota, do Ateliê Urbano, o uso de algum revestimento cerâmico ou de pastilhas de vidro na parede continua sendo aconselhável para quem usa a cozinha com muita frequência. “Se há o preparo de refeições diário ou se é feita muita fritura, essa proteção ainda é válida”, diz. Em caso de menos uso, Claudia aconselha a pintura com tinta epóxi, que, por ser lavável, tem uma limpeza mais fácil. Já o designer Décio Navarro não vê problema em ter a pintura mesmo em casas onde se cozinha todos os dias. “Se houver uma boa coifa, a gordura é eliminada”, diz ele, que sempre usa tinta acrílica em seus projetos. Os dois profissionais não abrem mão de cobrir a parede da pia e do fogão com placas cerâmicas ou de vidro. “É mais fácil limpar e evita a infiltração de água”, ressalta Claudia.
9. Qual a vantagem de ter cooktop e forno elétrico, em vez de um fogão convencional? Qual a posição ideal desses eletrodomésticos?
Por serem separados, o cooktop e o forno podem ser instalados onde for mais prático para o usuário. O espaço sob o cooktop fica vago para armários, enquanto o fogão convencional não permite isso. “Já o forno pode ser posicionado de modo que a pessoa não precise se abaixar para colocar ou retirar pratos”, diz a arquiteta Claudia Haguiara. Mas o ideal é que cooktop e forno tenham uma bancada de apoio próxima. No quesito tecnologia, o gerente de serviços da Whirlpool (marca que detém a Brastemp, entre outras), Dario Pranckevicius, defende que os cooktops e os fornos elétricos possuem funções pré-programadas que facilitam a vida. “Além de cozinhar com mais eficiência, pois têm mais posições de temperatura”, diz. Em relação ao consumo de energia, um estudo da empresa mostrou que, quando comparados o cooktop a gás, o cooktop elétrico e o fogão convencional, o custo em reais da fervura de 2 litros de água foi igual para todos.
* Preços pesquisados em abril de 2009