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Sobrado teve o piso rebaixado para se nivelar ao quintal

Alinhavada com esmero, reforma dá vida nova à construção paulistana de 113 m² e ao casal de moradores, que decidiu selar a união logo no início da obra e, agora, desfruta de luz, espaço e aconchego

Por Por Lyna Barbosa (texto) e Mayra Navarro (visual) | Projeto Vanessa Martins Miranda | Fotos Evelyn Müller
Atualizado em 19 jan 2017, 13h07 - Publicado em 6 fev 2015, 23h17

“Era um sobrado velho, escuro e atravancado. Pior, totalmente destruído. A laje no corredor lateral barrava a entrada de claridade no térreo. Bem no meio da sala, a escada atrapalhava a circulação. Nem a garagem maltratada escapava desse cenário desolador. Algo, porém, me agradou: só era geminado de um lado – o outro dava para uma esquina contornada com árvores foridas. Foi naquele local da casa sombria, a primeira que vi no Planalto Paulista, bairro onde meus pais moram, que o coração bateu forte. Essa sensação definiu o negócio. Devemos mirar além do que nossos olhos veem para vislumbrar o potencial de certo lugar. Renovado, pode se tornar um refúgio prazeroso. Eu tinha passado cerca de dois anos procurando apartamento em Higienópolis, na região central de São Paulo, pois queria morar perto do Studio Arthur Casas, onde trabalhava na época e descobri a importância dos detalhes. No entanto, os preços eram estratosféricos. Quando tirei essa ideia fixa da cabeça, minha casa apareceu, e, com ela, o compromisso de casamento. Meu namorado decidiu investir na reconstrução comigo. Pontuada com minúcias, a obra durou 14 meses e só terminou às vésperas da troca de alianças. Por sorte, família, amigos e empresas parceiras ajudaram na aquisição de alguns materiais. Eduardo e eu bancamos o restante, que nos custou aproximadamente R$ 200 mil. Foi um dos primeiros projetos da minha carreira solo, e dos mais intrincados. Para chegar ao formato desejado, tive de rebaixar o piso, remanejar a escada, recriar portas e ampliar as aberturas – soluções que promoveram o diálogo entre os espaços internos e externos. Agora, da cozinha vejo a sala e o quintal. Não somos um casal gourmet de carteirinha, mas adoramos receber bem. Com o novo layout, podemos desfrutar e oferecer muito mais conforto. No pavimento superior, ganhamos um gostoso terraço colado em nosso quarto, junto à copa das árvores. Enxerguei neste endereço a possibilidade de usar vários recursos de arquitetura a fim de dar forma a uma morada que nos abraça e nos acolhe, de onde não queremos mais sair.”

Vanessa Martins Miranda arquiteta e moradora

AS BOAS IDEIAS DESTE PROJETO

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CAMUFLAGEM. Parte da marcenaria da cozinha, portas venezianas de ripas de MDf laqueado (3 cm de largura), com vão de 2 cm entre elas, escondem o aparelho de ar condicionado.

PISO CLÁSSICO. Tratados com resina fosca (Bona), tacos de tauari (rB Pisos de Madeira) de 7 x 40 cm revestem o chão da sala e um trecho da cozinha. foram assentados com o padrão espinha de peixe.

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TETO MAIS LEVE. esta laje substituiu o antigo assoalho que também funcionava como forro da sala de estar. Superfície finalizada com gesso e pontos de luz (spots da Lumini).

DISCRIÇÃO. Colado na marcenaria que encobre todos os comandos eletrônicos da casa, o lavabo (1,80 m²) integra o cenário sem chamar a atenção.

ESCADA NOVA. Como não poderiam interferir na parede compartilhada com o vizinho, os 13 degraus de cruzeta (27 x 80 cm) foram parafusados na estrutura metálica pintada de cinza-claro (Suvinil, ref. fumaça de lareira, e370) – que, por sua vez, fica parafusada na laje e chumbada na alvenaria embaixo. Projeto e execução da Construmet.

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MANOBRAS RADICAIS

A escada, que sufocava a circulação no centro da casa, mudou de lugar, e o pé-direito da área social esticou graças a uma engenhosa intervenção no piso – para se nivelar ao quintal e, assim, estabelecer a sensação de continuidade entre os espaços, ele foi rebaixado.

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Área: 113m², Construção: MBRASIL Engenharia; Paisagismo: Mônica Lauretti

 

O PISO DESCEU

Originalmente, o desnível entre o interior e o exterior era de 20 cm. a moradora estava conformada a levantar o chão da área externa quando foi surpreendida pela sugestão do engenheiro responsável pela obra de aplanar o piso da própria casa. a solução aumentou o pé-direito de 2,35 m para 2,55 m.

A ESCADA SUBIU

Ao levá-la do centro para a lateral da sala, vanessa livrou o ambiente de barreiras. como a escada já tinha sido executada quando decidiu nivelar o térreo, a arquiteta lançou mão de um platô de madeira e um degrau de limestone na base para compensar a diferença de altura.

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