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Projeto de 53 m² sustentável e econômico vence concurso da CHDU

Aliar sustentabilidade e acesso universal à moradia foi o desafio aceito pelos arquitetos do escritório 24.7 Arquitetura. Dá pra construir com R$62,6 mil

Por Reportagem Rosele Martins | Infografia Sandro Grassetti e Manoel Vitorino Jr.
Atualizado em 19 jan 2017, 13h41 - Publicado em 25 jan 2012, 15h42

No meio de um edital, uma frase despertou o interesse dos arquitetos Giuliano Pelaio, Gustavo Tenca e Inácio Cardona, de Campinas, SP. “No momento está criada uma nova oportunidade, tanto para a sociedade quanto para a arquitetura nacional.” Tratava-se do Habitação para Todos – Concurso Público Nacional de Arquitetura para Tipologias de Habitação de Interesse Social Sustentáveis, da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), órgão estadual paulista, e do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-SP). “Pudemos desenvolver um projeto na contramão das moradias existentes para populações de baixa renda”, fala Giuliano. Isso porque a competição privilegiava dois aspectos pouco contemplados nesse tipo de encomenda, porém constantes na prancheta do trio, sócio no escritório 24.7 Arquitetura: sustentabilidade e acesso universal. A empolgação compensou – a proposta conquistou o primeiro lugar na categoria Casas Térreo e será posta em prática pela CDHU, que promete erguer 200 unidades dela em Botucatu, SP, até dezembro.

Quanto vai custar

Projeto arquitetônico: se feito para um cliente, valeria R$ 4 800.

Mão de obra: R$ 29 478 (incluindo um pedreiro, dois serventes, um encanador, um pintor, um azulejista e um eletricista).

Material: R$ 28 322.

Tempo: um mês.

* O valor de R$ 1 088,51 por m² fica abaixo do Índice A&C de abril de 2011 para construções de padrão simples na região Sudeste, avaliado em R$ 1 158,22.

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Como construir

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1. Aberturas: o fechamento frontal será sempre vazado, como os mostrados nas fachadas. Dessa forma, o ar fresco (setas azuis) conseguirá penetrar na moradia e percorrê-la por inteiro. O ar quente (setas laranja), mais leve, deverá entrar por uma das aberturas superiores, aquecer o ar frio e subir até escapar pelas esquadrias junto ao teto.

2. Cobertura reflexiva: telhas termoacústicas (com recheio de poliestireno) pintadas de branco se sobreporão à laje de concreto, a fim de refletir a luz solar. Dessa maneira, contribuirão para reduzir o calor dentro de casa.

3. Telhado verde: o bloco de ligação entre as áreas social e íntima receberá uma camada vegetal sobre a laje impermeabilizada com manta asfáltica. Ela poderá comportar uma horta para consumo próprio.

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4. Energia limpa: sobre a torre que guarda a caixa-d’água, ficarão coletores solares voltados para o norte. Os equipamentos serão responsáveis por aquecer a água do chuveiro.

5. Fundações: serão do tipo laje radier, que se adapta a solos firmes. Caso o terreno apresente situações menos favoráveis, existe a opção de empregar outro tipo, como brocas.

6. Estrutura: toda composta de blocos de concreto autoportantes, dispensará pilares e vigas. As peças possuem orifícios centrais para acomodar fios e canos, o que facilitará a obra. Foram escolhidas também porque suas medidas favorecem a modulação do projeto em múltiplos de 15 cm.

7. Acabamentos: o piso exibirá placas cerâmicas de 30 x 30 cm. Como o sistema é modular, não haverá necessidade de cortá-las, reduzindo o desperdício. Nas paredes, os arquitetos optaram por pintura mineral, à base de cal ou silicato de potássio.

8. Esquadrias: deverão ser fabricadas sob medida usando-se ferro ou alumínio com pintura eletrostática. “Modelos prontos geralmente não conseguem atingir nossas metas de ventilação e sombreamento”, explica Giuliano.

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