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Duas casas, no mesmo terreno, para dois irmãos

Saiba como este projeto econômico conseguiu acomodar cada morador de forma independente e confortável num terreno de 170 m²

Por Mayra Navarro e Silvia Gomez | Fotos Zé Gabriel
Atualizado em 14 dez 2016, 11h54 - Publicado em 7 jan 2014, 18h19
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Pouca gente é brindada com o luxo de ter um vizinho que conhece e em quem confia, mas Joana e Tiago deram sorte. O pai, o arquiteto Edson Elito, ofereceu a eles o lote que possuía havia tempos no bairro onde cresceram em São Paulo. Após dois anos de uma obra em conta, financiada por um consórcio e outros empréstimos menores, aquela proposta familiar se transformou no curioso nº 75 de uma via tranquila. Num primeiro momento, da fachada, a impressão é que se trata de uma casa só. No entanto, na hora de tocar o interfone, a pequena charada: J ou T? Caso o visitante pressione J, será atendido na metade de Joana, que também é arquiteta e assinou o projeto com o pai e a sócia, Cristiane Otsuka Takiy. Já o T chama Tiago, instalado mais à direita.

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Se a divisão por fora parece óbvia, por dentro, ela se revela um tanto complexa. “É como se as residências se encaixassem. Poderíamos ter feito uma morada em cima da outra, claro. Mas o formato escolhido permitiu não só aproveitar melhor a área como também conferir privacidade aos quartos”, explica Joana. Quartos e demais ambientes, por sinal, bem iluminados e amplos. “Isso porque criamos uma planta livre, com poucas paredes e portas”, diz Edson. Importante lembrar que um não ganhou mais espaço do que o outro: são exatos 85 m2 para cada irmão – e com total independência. Só dividem a lavanderia (na cobertura), a garagem, contas como IPTU e água e, de vez em quando, o cachorro Peralta. Este anda para lá e para cá sem ligar muito para onde acorda J ou onde dorme T.

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Casa de Tiago – ele entra pelo alto

Em função da planta encaixada, a maior dificuldade do projeto foi resolver o quebra-cabeça dos acessos independentes e da privacidade de cada moradia. “Criar duas passarelas entre os blocos solucionou essa distribuição. A outra sacada veio quando decidimos pela entrada por cima na casa do Tiago, onde estão sala e cozinha”, explica Joana. Tal acesso se dá por uma escada que aproveita e vai até a cobertura. De resto, a situação nas duas residências segue quase idêntica. “Só fiz questão do preto no piso”, revela o dono do espaço.

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Casa de Joana – ela faz ioga no térreo

Mal se percebe a diferença entre as áreas sociais de cada unidade: o visual marcante da estrutura de concreto aparente e a cozinha integrada, com bancada no meio, são imediatamente reconhecíveis em ambas. Mas, no lado da arquiteta, o olhar vai mais longe – enxerga até o primeiro cômodo, seu canto para trabalhar e praticar ioga. A suíte em que ela dorme fica em cima, no primeiro piso. Toda a lateral externa, à direita, recebeu plantas, instaladas numa jardineira sobre a laje da garagem, no subsolo. “É o meu pulmãozinho”, define.

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Uma planta com quebra-cabeça de cômodos

É interessante ver de que forma as plantas se encaixam (sem que isso comprometa a entrada de luz) e o modo como os ambientes de cada irmão partilham os andares. Entenda isso abaixo seguindo as cores: laranja para Joana e amarelo para Tiago

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ÁREA: 300 M²; Fundação: MaG Projesolos; Estrutura: Kurkdjian & FruchtenGarten Engenheiros Associados; Construção: Francisco Nobre; Instalações Elétrica e Hidráulica: Sandretec Consultoria; Concreto: Polimix; Lajes: Lajes Anhanguera; Vidros: Arqvetro; Materiais básicos: Depósito San Marcos

Consórcio foi uma saída para construir

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Nada de supérfluos. Para seguir o orçamento enxuto, viabilizado pelo consórcio da Porto seguro, o projeto tirou o melhor dos acabamentos básicos: concreto aparente na estrutura e nas bancadas, paredes de blocos, piso de cimento queimado e caixilhos de ferro. A rédea curta resultou num gasto de r$ 1,6 mil por m². “A fundação e a estrutura pesaram mais, seguidas da caixilharia e dos vidros”, conta joana. A opção por esse sistema surgiu como alternativa aos juros do financiamento, em geral entre 10 e 12% ao ano. “Ele tem menos taxas. Em compensação, dá trabalho.” isso porque cada fase, na modalidade construção, precisa ser comprovada. “O crédito ocorre mediante a apresentação dessas etapas concluídas, verificadas por um fiscal”, afirma edson. Segundo a associação brasileira de administradoras de consórcios (Abac), é possível usar o FGts no processo, desde que garantida a titularidade do terreno. Os prazos e o número de participantes em cada grupo variam de acordo com a administradora.  A Caixa Econômica Federal, por exemplo, estipula um cronograma de quatro a 18 meses para a conclusão da obra. O valor é concedido por sorteio ou, como aqui, por meio de lance de até 30% do total do bem.

 

 

 

 

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