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Casa dos sonhos totalmente sustentável

Descubra uma casa diferente de todas as que você já viu: nela, responsabilidade ambiental não é uma obrigação, e sim um grande prazer

Por Texto Giuliana Capello / Fotoa Luia Gomes / Reportagem visual Célia Mari Weiss
Atualizado em 19 jan 2017, 13h07 - Publicado em 26 Maio 2014, 15h59
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“Quando decidi deixar a cidade grande e me mudar para uma ecovila [pequena comunidade focada na preocupação com o meio ambiente e em uma convivência social harmoniosa] no interior de São Paulo, me perguntei: que tipo de lar pode refletir os meus ideais de uma vida em sintonia com o planeta? Em vez de priorizar linhas arquitetônicas, optei pelo prazer de fazer a minha própria morada, tal como um joão-de-barro. O conceito do projeto, de 150 m², nasceu com a ajuda da arquiteta Lara Freitas, que orientou a montagem da estrutura de eucalipto de reflorestamento, além da construção da fundação e da cobertura. Com esse esqueleto em pé, abracei o desafio de levantar as paredes de vedação aos poucos, em mutirões com amigos e vizinhos. Usamos diversos materiais e técnicas de bioconstrução: toquinho, adobe, tijolo ecológico, pedra e outros. Também implementei sistemas de captação e tratamento de água, telhado verde… E lá se foram cinco anos de obra! Tempo demais? Penso que mais importante do que ver a casa pronta foi participar desse processo.” Giuliana Capello, jornalista

 

Saiba mais: vídeo mostra o processo para construir uma parede de pau a pique

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Cordwood: toquinhos dão ar da graça

 

– Com esta técnica de construção de paredes, chamada cordwood, foi possível aproveitar sobras da madeira usada na estrutura, evitando a geração de entulho.

– As toras foram serradas com 25 cm de comprimento, o que determinou a espessura da divisória. Os diâmetros diferentes garantiram um visual bem orgânico.

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– A massa leva três partes de terra argilosa, uma de areia, uma de cal, uma de serragem, fermentada em água por sete dias, e uma terça parte de cimento. Para a finalização, adiciona-se água até chegar à consistência de argila de modelar.

– O assentamento pede paciência: a cada 70 cm, é preciso esperar a secagem total da massa.

Adobe: memória de outros tempos

 

– Aproveitar o solo do próprio terreno para fazer tijolos artesanais era comum no período colonial. Hoje, é uma bela maneira de tornar a construção sustentável, pois elimina o impacto ambiental gerado pelo transporte do material da fábrica à obra.

– A receita do adobe consiste em juntar terra e palha em proporções semelhantes, acrescentando água e amassando a mistura até que ela se torne moldável – essa tarefa é, tradicionalmente, realizada com os pés.

– Depois de pronta, a massa é colocada em moldes, onde adquire o desenho dos blocos. Desenformadas, as peças são postas à sombra para secar naturalmente, sem a necessidade da queima em fornos, que prejudica o meio ambiente.

– Argamassa e reboco também foram feitos à base de terra crua – outra possibilidade seria dispensar o segundo, deixando os tijolos à vista.

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– Como acabamento, a parede ganhou duas demãos de cal para pintura, em uma mistura que ainda leva água e cola branca. E, somente do lado externo, recebeu a cobertura de um hidrorrepelente para proteger da umidade.

Tijolinho também pode ser verde

– Chamada tijolo de solo-cimento ou ecológico, esta versão é mais sustentável do que a convencional. O motivo principal: apesar de também ser industrializada, ela não passa pela famigerada etapa da queima em fornos.

– Para o assentamento, usa-se quase nada de argamassa. O design do produto possibilita o encaixe entre as peças – se lembrou do Lego? É parecido! –, o que torna a obra extremamente limpa, rápida e econômica.

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– Cada tijolo conta com dois furos, através dos quais é possível embutir a fiação elétrica e as tubulações hidráulicas, reduzindo a geração de entulho com a quebra de partes das paredes prontas. Além disso, os furos permitem a construção de colunas estruturais: basta preenchê-los com vergalhões de ferro e concreto.

–  Para o acabamento, pode-se escolher entre usar reboco ou manter os tijolinhos à vista, como na superfície ao lado. Eis a receita da tinta artesanal: cal de pintura, água, cola branca e pó xadrez nas cores azul e preto. Para conquistar o efeito jeans, foi só aplicar a mistura com pinceladas irregulares.

 

Largura x profundidade x altura.

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Preços pesquisados em 15 de maio de 2014, sujeitos a alteração.

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