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Florais, um aliado importante da nossa saúde

Julian Barnard, estudioso do legado do doutor Edward Bach, o pioneiro no desenvolvimento de florais, explica como a natureza humana é compatível com a das plantas

Por Texto: Keila Bis | Ilustração: Gustavo Duarte
Atualizado em 20 dez 2016, 20h21 - Publicado em 26 set 2013, 17h12
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Não há uma nuvem no céu para cobrir a pequenina vila Walterstone, bem na fronteira entre a Inglaterra e o País de Gales. Isso significa dia de trabalho intenso na empresa de Julian Barnard, a Healing Herbs, fabricante e pesquisadora das 38 essências florais descobertas pelo doutor Edward Bach (1886-1936) a partir de 1930. Naquela época, o planeta ainda desconhecia os remédios naturais advindos das flores, até que o médico inglês – que primeiro trabalhou na área de bacteriologia e, depois, no hospital de homeopatia de Londres – começou a estudar algumas flores e percebeu que, se fosse feito um preparado com seus extratos, ele poderia agir positivamente no complexo mundo emocional do homem. “O doutor Bach observou, por exemplo, que as sementes da flor Impatiens explodem violentamente e relaciona isso à irritabilidade que acomete algumas pessoas. Nesse caso, o floral transmite uma mensagem de calma”, explica Julian, que há 35 anos se ocupa em dividir e republicar as descobertas de Bach. “Ele foi único no sentido de ter compartilhado seu conhecimento de forma gratuita, e eu, particularmente, adoro isso. Por isso, além de me dedicar à produção de florais de Bach na Healing Herbs, trabalho com a republicação de seus escritos, divulgando suas ideias, quais plantas são utilizadas e como preparar as essências florais, tal qual ele fazia”, diz. Nesta entrevista, o principal estudioso e divulgador do legado de Bach conta qual é a melhor maneira de usar os florais, como eles atuam, por que são fontes de autoconhecimento e sobre o projeto Beth Bruno na região amazônica, iniciado pela Healing Essências Florais, importadora exclusiva da fabricante inglesa. Este mês, Julian vem ao país para participar do 3º Simpósio Internacional de Saúde Quântica e Qualidade de Vida, em São Paulo, de 13 a 15 de setembro, e para falar sobre como a informação contida nas flores é gravada e transferida aos organismos vivos. É o encantador mundo das plantas sendo desvendado e se aproximando cada vez mais de todos nós, primeiro com Bach e agora com Julian, que, assim como o médico inglês, espera por um dia sem nenhuma nuvem no céu para fabricar os florais.

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De qual modo os florais atuam?

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O floral carrega uma mensagem, e nós a percebemos da mesma maneira que somos sensíveis a qualquer mensagem que nos chega. Para sentirmos algo, não temos apenas os cinco sentidos. Na verdade, captamos a essência como algo mais parecido com a transferência de pensamentos. Quando eu tomo um floral, posso senti-lo dentro de mim e ao meu redor como uma canção silenciosa ou uma suave brisa refrescante. Tenho a mesma sensação de calma e clareza quando olho para algo bonito. Um modo de explicar isso é dizer que o floral me coloca novamente em contato com minha essência, ou seja, no centro em que vivencio os sentidos em harmonia.

O tratamento com florais exige a consulta com um terapeuta floral ou não há problema em se automedicar?

Consultar-se com um terapeuta é uma das formas, mas não a única. Será realmente necessário procurar um terapeuta para se fazer a pergunta: “Como eu me sinto?” No entanto, por não estarmos acostumados a refletir, talvez precisemos mesmo da ajuda de um profissional. Os florais, porém, são totalmente seguros e não há a possibilidade de overdose – ninguém corre perigo ao se automedicar. O pior que pode acontecer é escolher a combinação errada de flores e perder uma grande oportunidade.

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Quem opta por se automedicar deve atentar para que pontos a fim de fazer a melhor escolha do floral?

Os florais de Bach são como um mapa do mundo emocional, portanto, tratar-se com eles é um processo de autoconhecimento. Existem 38, divididos da seguinte forma: temperamento, condições crônicas e aqueles indicados para reações emocionais a eventos traumáticos. Há três perguntas que podem ajudar no direcionamento ao melhor grupo: “Qual é o problema? Quando começou? Por que você acha que começou naquele momento?”

Em doenças crônicas, como o câncer, os florais podem ajudar?

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Falando especificamente sobre o câncer, pesquisas dizem que a doença está associada à genética, ao estilo de vida e ao ambiente. Se você considerar o estilo de vida como um fator, então eu diria que os florais de Bach podem ajudar, pois eles atuam nas reações emocionais que se têm quanto ao diagnóstico e ao tratamento, como medo, frustração, falta de esperança e desespero. Mas isso não significa tratar o câncer. O doutor Bach teve câncer e, depois de uma cirurgia em 1917, seu tempo de vida era de, no máximo, seis meses – ele sobreviveu até 1936. Dizia que, em parte, graças a seu trabalho de pesquisas em dietas e homeopatia, mas, acima de tudo, graças à sua determinação em viver e ser feliz. Em seus textos Cura-Te a Ti Mesmo e Liberte-Se, está bem clara a opinião dele: o prognóstico está mais nas mãos do paciente que do médico.

Nas primeiras décadas do século passado, o doutor Bach já falava sobre um tema muito recorrente nos dias de hoje: o estado emocional e mental influencia na saúde. Como ele explicava esse pensamento?

O doutor Bach percebeu que era assim que ele próprio funcionava e observava o mesmo em seus pacientes. Trabalhando no hospital, reconheceu que pessoas com os mesmos problemas físicos respondiam de maneiras diferentes aos tratamentos dependendo de seu estado emocional e mental. Imagine que três indivíduos tenham sido diagnosticados com a mesma patologia. A pessoa do tipo da flor Mimulus está preocupada e atormentada o tempo todo, com medo de que isso signifique uma cirurgia e leve a complicações permanentes. A do tipo Clematis não está muito preocupada, pois vive em um mundo próprio, sonhando recolhida. Já o paciente do tipo Vervain se interessa muito pelo assunto, faz pesquisas na internet para saber as últimas informações e logo estará instruindo o médico sobre o melhor caminho a ser seguido. Não podemos afirmar qual deles terá o melhor prognóstico, porém claramente seu estado emocional influenciará os resultados do tratamento. A ideia do doutor Bach certamente era “tratar a pessoa, e não a doença”. Ele acreditava que a real causa dos problemas de saúde tinha origem no padrão emocional.

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Como os florais são feitos?

Eu sigo cuidadosamente as instruções originais do doutor Bach, contidas em seu artigo de 1936, intitulado Os 12 Remédios Curadores & Outros Remédios. Lá, ele descreve os dois métodos de preparação de seus florais: o solar e o de fervura. Na primeira etapa, chamada de essência-mãe, é necessário um dia perfeitamente claro, sem nuvens. As flores são colhidas assim que acabam de desabrochar. Depois, são colocadas para flutuar numa tigela com água, retirada de uma nascente próxima, e expostas à luz do sol por até três horas. No final, as flores são retiradas e adicionamos conhaque ao líquido na proporção 50/50. Esse método é usado para 20 dos 38 florais. Para os outros, fervemos as flores em água fresca por 30 minutos. Na segunda etapa, preparamos o estoque concentrado, misturando uma parte dessa essênciamãe e 400 partes de conhaque orgânico francês. Por fim, preparamos o recipiente de dosagem, adicionando duas gotas do estoque concentrado num copo com água, ou num frasco de 30 ml, com contagotas, preenchido com água e um pouco de conhaque ou vinagre de maçã como conservantes.

De que forma o doutor Bach associou os diversos tipos de plantas e suas características aos aspectos emocionais e comportamentais dos indivíduos?

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Existem quatro elementos na forma da planta que se relacionam às quatro partes da vida humana. O elemento terra é o físico, mas é também o passado. A água está no caule, onde ocorre a circulação, e esse é o nível emocional. As folhas trabalham com o ar – é onde ocorre a fotossíntese e a troca de gases –, e tal elemento está ligado ao intelecto ou à mente. Então temos a flor, regida pelo fogo, o elemento da transformação e das mudanças. Os caules alternados da pequena Scleranthus, por exemplo, mostram um estado emocional em constante mudança, condição que Bach descreve como indecisão. As folhas pontudas de Impatiens indicam um padrão de pensamento fortemente direcionado e, nas flores, isso representa o potencial de mudanças. Temos, assim, a semente, que contém toda a história do ciclo de vida da planta e que, em seu processo de dispersão e germinação, também descreve o estado relacionado à essência. Veja as sementes de Impatiens, que explodem violentamente. O doutor Bach relaciona isso à irritabilidade e à impaciência da pessoa desse tipo. No caso, o floral transmite uma mensagem de calma e tolerância. No entanto, o todo da planta e de seu ciclo de vida – como a coloração, a germinação, o crescimento – nos fala mais sobre a condição da alma, como dizia Bach. Poder empregar essas características como uma interpretação do estado do floral era o incrível e extraordinário dom de Edward Bach.

O senhor diz que os frascos de florais contêm informação. Como assim?

Descrevo essa informação como um campo de força passivo, como os trilhos de um trem que nada fazem até que um trem passe por eles para determinar o movimento e a direção da viagem. Quando o campo de força passivo do floral entra em contato com o campo de força ativo da pessoa, a energia ativada pode ler a informação nele contida. Se eu estiver introspectivo, com minha energia canalizada para a reflexão interna, a mensagem do floral Clematis, por exemplo, pode despertar minha atenção para o mundo a meu redor. A mudança pode ser instantânea ou levar tempo, como acontece com qualquer processo de cura. É por isso que repetimos a dose na fórmula clássica de quatro gotas, quatro vezes ao dia. É a repetição silenciosa da mensagem que nos ajuda a enxergar a situação e, como consequência, fazer a mudança.

Por que você decidiu criar o projeto Beth Bruno no Brasil, na região amazônica?

Eu estou profundamente comprometido em compartilhar as descobertas e as ideias de Bach. Com projetos como esse, podemos levar às comunidades tanto esse legado quanto o conhecimento em homeopatia popular e fitoterapia, originando a possibilidade de os agentes de saúde locais, treinados por meio dessas iniciativas, cuidarem de suas comunidades. De posse de todo esse conhecimento, eles desenvolvem uma nova postura perante a vida, que contempla a responsabilidade que cada um tem no próprio processo de saúde e doença. Além disso, transforma cada um desses agentes em um protagonista no processo de mudança de sua realidade.

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